sábado, 5 de dezembro de 2009

EM DEFESA DA CANDIDATURA PRÓPRIA DO PSOL PARA PRESIDÊNCIA DO BRASIL EM 2010

Nós, militantes da juventude do PSOL de Santa Maria-RS, organizados no núcleo de juventude Victor Jara, desejamos expressar nosso posicionamento sobre os cenários postos em relação às eleições de 2010 e incidir sobre o debate que internamente (mas não somente) vem sendo realizado no PSOL.

Dentro do PSOL, hoje, temos visivelmente dois posicionamentos postos e defendidos no âmbito da grande política do partido, a despeito dos que ainda não se posicionaram: (1), os que defendem a candidatura própria do PSOL (nesta opção temos setores que defendem o nome do camarada Plínio Arruda Sampaio, o que não impede que outros nomes também sejam apresentados); (2) os que defendem abertamente a possibilidade de um apoio/aliança do PSOL com Marina – PV.

Frente a esse cenário, cabe urgentemente dialogar sobre o que significa a “alternativa” Marina Silva. Sabemos que esta candidata possui certo apelo carismático diante das massas, em virtude da infância pobre e da luta ambiental que vem realizando há algum tempo. Porém, como dito por Ricardo Antunes, Marina “defende a sustentabilidade numa sociedade cada vez mais insustentável. Não quer ferir a ordem, mas amoldar-se a ela”. Em entrevista recente à revista Veja, Marina confirmou sua opção pelo livre mercado. Além disso, ainda disse que saiu do PT, mas continua “a morar na mesma rua de seu antigo partido”. Como se não bastasse, sua candidatura está sendo construída com o apoio e a participação de setores conservadores consideráveis da sociedade brasileira, como Guilherme Leal, dono da NATURA (que será seu candidato a vice-presidente), parte da família Sarney, do empresariado e da grande mídia.

Essa construção, divulgada e apoiada pelos meios midiáticos monopolistas, configura uma clara campanha para desbancar qualquer projeto político de ruptura com a polarização entre PT-PSDB e com a subjacente ordem do capital que lhe dá sustentação. Na verdade, a burguesia nacional pretende criar assim uma “alternativa” que nada possui de essencialmente diferente do grosso da política nacional. Desejam, em verdade, produzir aos olhos dos eleitores uma falsa “opção”, aparentemente diferente em relação àquelas tradicionalmente impostas aos trabalhadores. Seu objetivo, claro está, é o de demover os projetos alternativos (socialistas) com possibilidade de conquistar o apoio da população descontente. Para realizar este objetivo tentam manobrar setores ligados à defesa do meio-ambiente e até do próprio MST. Essa estratégia, porém, apenas caracteriza um aprofundamento na despolitização da sociedade brasileira, que passaria a ter uma ala “eco-capitalista”, ao estilo Al Gore, e manteria inalterado o consenso em torno das práticas que atendem às exigências do capital e que são as verdadeiras causas da degradação ecológica.

Acreditamos, portanto, que uma aliança com Marina Silva não é do interesse dos socialistas por dois motivos: 1) Porque seu projeto não visa se contrapor à causa profunda dos problemas ambientais que é, bem entendido, a crise estrutural atualmente estabelecida que leva o sistema do capital a lançar mão de meios cada vez mais destrutivos para realizar o controle da reprodução sócio-metabólica da humanidade. A destrutividade que afeta a natureza é, nesse contexto, expressão desse conjunto de processos; 2) O programa político do PV parte da falsa premissa de que o Estado tem a possibilidade de controlar os processos sócio-metabólicos que agridem a natureza, quando, na verdade, o que ocorre é o contrário: o aparato estatal é apenas uma parte do sistema do capital, que tem por função, como diz Mészáros, “ajustar suas funções reguladoras em sintonia com a dinâmica variável do processo de reprodução socioeconômico, complementando politicamente e reforçando a dominação do capital”. O Estado se ajusta e reforça, portanto, o domínio do capital, mas não o controla. Essa compreensão desautoriza todo e qualquer tipo de projeto reformista... Por essas razões, entendemos que Marina Silva não representa a esquerda socialista de oposição ao governo Lulo-petista e ao sistema do capital.

Estamos convencidos de que é de suma importância que todos os filiados e militantes do partido tenham acesso aos debates internos e que os posicionamentos de cada corrente sejam transparentes e divulgados. Pelo que foi explicitado acima, defendemos a candidatura própria do PSOL, pois ela expressa os ideais e expectativas de um considerável setor da sociedade brasileira, configurando-se assim numa alternativa de luta que dá voz às exigências de mudança das relações estruturais no interior da formação social e econômica atualmente estabelecida.

Não podemos subestimar o PSOL como um todo e o que ele representa para a sociedade. Não desconsideramos o peso representativo de Heloísa Helena, mas não podemos reduzir a consciência dos que nos apóiam a uma lógica personalista.

Para superar esses impasses, precisamos de uma candidatura própria do PSOL que dê garantia aos companheiros do PSTU e PCB, que confirme uma alternativa radical para dialogar com a população na próxima eleição, que faça a crítica à falsa polarização PT x PSDB e que ajude a classe trabalhadora a desmascarar a terceira via burguesa, ou seja, a candidatura de Marina e do PV.

Núcleo de Juventude Victor Jara – PSOL. Santa Maria-RS.

Alídio da Luz – estudante secundarista;

Ciro de Oliveira – estudante Ciências Sociais / UFSM;

Daniel Canha – estudante do Coletivo de Educação Popular – Práxis.

Daiane Duarte – estudante Educação Especial / UFSM;

Demétrio Cherobini – bacharel em Ciências Sociais e mestrando em educação (UFSC);

Dionas Pompeu – estudante secundarista;

Douglas Moreira Vieira – estudante secundarista;

Friedelin Buske – estudante e trabalhador;

Henrique Cignachi – estudante História / UFSM, Executiva Municipal do PSOL - SM;

Laila Garcia Marques – estudante secundarista;

Luiz Enrique Pilar – estudante Arquivologia / UFSM;

Mathias Rodrigues – estudante Jornalismo / UFSM;

Paulo Sérgio Gai Montedo – estudante Física / UFSM;

Roberto Lisboa – estudante História / UFSM, Executiva Municipal do PSOL – SM;

Rodrigo Lisboa – estudante Matemática / UFSM.

Ruana Píber da Rosa – estudante Letras / UFSM.

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